A IMPOSSIBILIDADE DO PRETO-E-BRANCO
Custa-me a admitir mas, pela primeira vez neste blog, tenho de afirmar que a Fátima Lopes se portou muito bem na entrevista ao Santana Lopes, esta manhã, na SIC. Interpelou-o com segurança, sem ir demasiado em cantigas e sem perder de vista o seu auditório. Ele também se safou tão bem que, por breves momentos, acreditei nele. Na verdade, acho que ELE acredita nele...
A melhor parte foi quando a Fátima, com algum cinismo, lhe disse: "espero então encontrá-lo nos transportes públicos". O olhar dele esfriou por um micro-segundo, depois desviou-o e disse-lhe: "E eu também a espero encontrar a si..."
Levado pelo entusiasmo da imprensa especializada, lá fui ver o L.I.E, esse filme dedicado à autoestrada de Long Island. Saí de lá um pouco confuso: então agora que já todos tínhamos acordado que a rapaziada não pensava em ter sexo antes de poder votar, vem este gajo (ainda por cima com uma excelente realização) dizer-nos que o mundo continua igual ao que nós imaginávamos?
Lá vai ficar o Telmo Correia e a turmalhada da defesa da família sem saber o que dizer para manter o tachito.
E por falar em família, parece que o B.E. vai avançar com a proposta da possibilidade de adopção por casais homossexuais. Vai chumbar, claro. Reprovado pela oposição do cds-pp ("antes crescer na miséria que abastado e homossexual", dirá Paulo Portas), pelo psd ("não conhecemos nenhum futebolista, empresário ou apresentador do Sexto Sentido que siga essa orientação sexual. Logo, uma criança adoptada por alguém nessas condições nunca poderia ter sucesso e muito dinheiro"). O ps também não deve alinhar ("...Bem... 90% dos nossos militantes estaria de acordo... Mas teríamos que pensar muito bem... Ponderar... Constituir comissões paritárias... hmmm... Tenho impressão que não. Olhe: passe por cá mais logo..."). O pcp deverá abster-se, em virtude de não conseguir encontrar a cassete sobre o assunto.
Eu também estou inclinado a pensar que melhor mesmo é deixarmos os milhares e milhares de crianças sem pais. Debaixo da protecção da Casa Pia, por exemplo. Ao menos, sempre os levam à Feira Popular!
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